Tramas: The Statement of Randolph Carter
(1920), The Call of Cthulhu (1928), At the Mountains of Madness (1931)
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Yo! How’s it going?
Desde que iniciei o blog
Streampunk, tenho esperado o momento certo para começar a falar de Howard
Phillips Lovecraft, escritor de contos de terror e suspense que, apesar de
publicados no começo do século XX, continuam a impressionar com sua massiva
solidez relativa à ficção-científica e tramas ocultistas. Considerando que o autor
teria feito seu aniversário semana passada, dia 20 de agosto, acredito que a
hora tenha chegado.
Como Lovecraft é muito conhecido
por seus poemas e prosas curtas e macabras, achei inviável escrever sobre cada
uma delas em postagens diferentes. Assim sendo, resolvi agrupar suas histórias
em trios ou quartetos, tendo o prazer de começar a escrever sobre elas a partir
de três de seus contos mais famosos. Novamente, faço uso de termos em inglês
durante meu texto por ter lido as obras em sua língua original. Having said that, também não posso fazer
promessas quanto a quando devo escrever sobre Lovecraft novamente, mas peço que
vocês, leitores, sejam pacientes. Há muitos livros na minha cabeceira que
demandam minha atenção.
Plano de Fundo:
“The Statement of Randolph Carter”: Seguindo o chamado de seu amigo
Harley Warren, Randolph Carter tenta auxiliá-lo na busca e investigação
conduzida por Warren a respeito de uma sinistra passagem entre mundos descrita
em um livro misterioso lido pelo ocultista. Carter ouve os relatos de Warren
sobre o mundo subterrâneo em apreensão, enquanto a névoa de uma tragédia se
desenha sobre seu amigo.
“The Call of Cthulhu”: Após o misterioso assassinato de George
Angell, seu sobrinho-neto tem acesso às anotações do velho professor que lhe
servem de ajuda para desvendar os motivos por trás do crime. Os relatos do
velho detalham sonhos coletivos, rituais macabros e cenários sobrenaturais simplesmente inexplicáveis, indicações
essas do terror insano e encontro alienígena que está para ser revelado.
“At the Mountains of Madness”: Quando um grupo de expedição formado
por geólogos e biólogos norte-americanos parte para a Antártica atrás de
material de estudo terrestre, o que os contempla são as ruínas de uma
civilização milenar em meio à uma verdadeira prisão montanhosa de neve e gelo.
Seguindo o horror que sobrecai sobre a maior parte do grupo, segredos profundos
sobre a antiga cidade são deduzidos e revelados – segredos esses que podem
representar a origem da vida na terra e seus primeiros habitantes.
Papum: H.P. Lovecraft, assim como o que disse sobre Phillip K. Dick, é um autor que
julgo incriticável. Criador de uma mitologia única, dono de uma escrita forte e
estruturada e corajoso o suficiente para abordar até mesmo um senso de
insanidade divina, o autor deixou um vasto legado que até hoje serve
de base para outros livros, seriados, filmes e até jogos de videogame. Suas
obras carregam trevas, angústia e maculação, reunindo ideias horrendas de uma
mente distorcida que, se não agrada a todos, deve sim ser vista com
brilhantismo.
“The Statement of Randolph Carter” é um conto pequeno, mas
extremamente relevante. Afinal de contas, ele faz parte das primeiras histórias
que desenham a mitologia de Lovecraft e a solidificam. A ideia de bizarras
entidades habitando a terra é introduzida breve, mas fortemente aqui, e não há
como não termos um senso de que o personagem Carter, que ouve o relato de
Warren quando o mesmo tem seu encontro com os seres estranhos, é um reflexo do
próprio Lovecraft perante suas criações.
“The Call of Cthulhu”, por outro lado, oferece mais do que uma
sensação de medo do desconhecido: aqui há contato, realizado com um timing impressionante depois de construída a tensão narrativa. Afinal,
é aqui que vemos pela primeira vez a entidade espacial conhecida como Cthulhu:
uma mistura macabra de polvo, dragão e até traços humanos de poder aterrador e
domínio cruel.
Trabalhando com um enredo forte e
sombrio, ainda que extremamente curto, Lovecraft detalha sonhos sinistros e
rituais quase satânicos como preparação para o encontro fatídico entre suas
personagens e a criatura Cthulhu, momento simplesmente assustador: as descrições
assombrosas do autor sobre o efeito produzido pela entidade são de dar nó no
estômago, assim como a perseguição que tem início. Há algo forte e maciço sobre
a cena, e a inserção da personagem em nossa mente é inevitável. Desde seu nome
impronunciável (Lovecraft mesmo declarou que nenhum humano é capaz de
pronunciar "Cthulhu" da maneira certa) à sua imagem absurdamente grotesca,
Cthulhu transcende as páginas e torna-se uma figura concreta, fruto de uma
imaginação grandiosa e grande poder descritivo de Lovecraft. Esse, afinal, é o
preço do conhecimento tanto buscado pelos humanos.
“At the Mountains of Madness”, uma das mais longas prosas do autor,
também é uma adição mais do que considerável e até mesmo obrigatória a qualquer aficionado por
ficção-científica ou contos de horror. Lovecraft é preciso e minucioso em suas
descrições, criando um cenário incrível para ambientar sua história.
Novamente temos a curiosidade
como fator motivacional para suas personagens, o que é forte o suficiente para
inseri-las com perfeição ao conflito – e aqui temos um escopo absurdamente incrível, já que as ruínas descobertas pelos protagonistas pertencem
à cidade dos Old Ones (Antigos), criaturas que habitam a terra há muito
mais tempo que nós. Partindo desse ponto, é curioso ver como Lovecraft descreve
sua mitologia: misturando um forte senso de dedução das personagens (que aqui
interpretam estátuas e inscrições nas paredes da cidade) com o conhecimento
prévio que elas têm sobre as entidades cósmicas vindo da obra fictícia Necronomicon (o livro proibido que contem tudo sobre tais
criaturas), Lovecraft nos leva a uma jornada surreal que passa pela própria
criação da vida na terra, vinda primeiramente na forma dos seres amórficos
Shoggoths, criados pelos Old Ones. Fica implícito aqui que toda a vida
terrestre deriva deles, assim como que os próprios Shoggoths foram a causa da
perdição dos Old Ones, dando-nos um paralelo curioso que representa a queda de deuses perante suas criações. Explicada a história, Lovecraft cumpre sua promessa
e entrega o que esperamos: contato visual de profundo horror e tensão, sem
qualquer pudor ou o que chamo de medo narrativo. O uso da narrativa em primeira pessoa (já
mais do que habitual no trabalho do autor) renderiza vivacidade e mexe com os
sentidos, ainda que não seja o protagonista quem acaba por ver o mais terrível
dos fatos: o que se estende além das montanhas, aquilo que até mesmo os Old Ones tanto temem.
Bom, não tenho tempo para me
alongar ainda mais nesta postagem, mas fica registrado aqui meu apreço
imensurável pelo trabalho de Lovecraft e seu legado. Assim que completar a
leitura de mais de seus contos (que tenho compilados em um único volume),
voltarei a escrever sobre ele aqui no blog.
Agora ‘nuff said. Desta vez não trago a sessão “In a nutshell” justamente por ter abordado três contos simultaneamente.
Espero que se interessem pelos mitos lovecraftianos e continuem a acompanhar o
blog!
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Eai, Felipe! Tudo certo?
ResponderExcluirRolou um Nerdcast sobre ele um dia desses:
http://jovemnerd.ig.com.br/nerdcast/nerdcast-321-o-universo-inominavel-de-h-p-lovecraft/
Ainda não ouvi mas minha filha ouviu e disse que é muito bom.
Haha
Abraço.
Opa, e aí, Alex?
ResponderExcluirValeu pelo link! Gostei bastante do que o pessoal falou, e fazia um tempo que eu não entrava no Portal Jovem Nerd. Costumava ser assíduo na página há alguns anos!
A propósito, obrigado por me emprestar "Retalhos"! Pretendo escrever sobre ele ainda esta semana!
Abraaaço!