Autor: Michael Lawrence
Ano de publicação: 2004
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Yo! How’s it going?
Hora de falar do segundo livro da
saga Withern Rise/Aldous Lexicon, escrita pelo autor inglês Michael Lawrence.
Para aqueles que ainda não sabem nada sobre essa boa série de livros
infanto-juvenis, basta acessarem a postagem relativa ao primeiro livro da
trilogia, “A Crack in the Line”, para descobrir um pouco mais sobre o trabalho
de Lawrence.
Plano de fundo: Os pequenos modelos da mansão Withern Rise foram
quebrados. Alaric e Naia já não têm mais suas ferramentas para cruzar
realidades, estando agora presos um no mundo do outro. Acima deles, a temporada de neve
é substituída por chuvas torrenciais - chuvas essas também presentes na Withern
Rise de Aldous Underwood, um jovem garoto fadado a um destino terrível que
definirá a família Underwood por gerações a vir. Ou será que não?
Em “Small Eternities”, Alaric e
Naia encontram não somente um modo novo de cruzar realidades como de visitar
uma cadeia de eventos que se repete indefinidamente no passado de suas
famílias; uma pequena eternidade que começa e termina ciclicamente em uma
realidade diferente daquela onde cada um deles vive. Cabe a eles, então,
descobrir a relação entre o recém-descoberto cenário e o que houve aos
Underwood de outrora, revelação essa que pode vir a um terrível custo.
Papum: Bem menos original do que sua obra antecessora, “Small
Eternities” começa exatamente de um dos pontos onde “A Crack in the Line” nos
deixou. Digo “um dos pontos” porque, conforme aqueles que leram o livro puderam
perceber, “A Crack in the Line” não possui apenas um final, mas duas vertentes
que culminam em duas conclusões alternativas. Mas vamos ao livro em si, afinal.
Se no primeiro volume da saga a
construção das personagens era imprescindível, Michael Lawrence escorrega aqui
ao querer narrar os pensamentos e rotinas completamente monótonos de Alaric e
Naia insistentemente. Apesar de ambos não estarem em suas realidades de origem,
o fato de seus novos mundos terem se adaptado a suas presenças estraga todo o
potencial problemático da obra, que estende-se por tempo demais em descrições
sobre como Naia sente saudades de sua mãe e como Alaric está contente com sua
nova realidade (onde tem sua mãe uma vez mais). O contraponto desse até então chato
e entediante enredo, no entanto, é o jovem Aldous Underwood.
Aldous é nada menos do que o
tio-avô de Alaric e Naia. Como aqui ele não passa de um garotinho, é natural
que sua realidade situe-se no passado. O que interessa, no entanto, é o jeito
com que Michael Lawrence a aborda: desde o início, sabemos que o agitado menino
está fadado a morrer de forma terrível, então acompanhamos seus últimos dias ao
lado de sua família até o evento fatídico em si. O escritor faz um bom trabalho
ao construir a tensão do leitor e sua expectativa quanto à morte de Aldous, sem
dúvida fruto de sua engenhosidade ao nomear cada capítulo com números que
representam uma contagem regressiva de dias até a morte do menino. A participação
de Alaric e Naia em tal cenário também resgata as personagens de uma espécie de
lacuna criativa do autor, inserindo-as no conflito e finalmente colocando-as
numa história que mereça ser contada. Isso não quer dizer, no entanto, que a trama brilha: a dependência de um evento em si e a monotonia de duas de suas
personagens principais fazem o leitor se perguntar frequentemente qual é de
fato o objetivo do livro. Felizmente, porém, Lawrence muda o jogo a tempo de
não fazer da jornada uma completa perda de tempo, usando o clímax do romance para
montar uma cadeia de eventos finalmente relevante e surpreendente.
A mudança climática no plano de
fundo da obra também merece ser exaltada aqui. Se em “A Crack in the Line”
tínhamos uma temporada de neve, símbolo do isolamento de Alaric perante o
mundo, as chuvas incessantes de “Small Eternities” dão o tom cinza que
inunda Withern Rise em três realidades e tempos diferentes, culminando no
trágico final de dois de seus habitantes.
Resta-me agora ler o último volume
da série, “The Underwood See”, para saber como tudo termina. Desta vez, porém,
só há uma vertente de onde o livro pode começar, uma tragédia cujas
consequências espero serem abordadas não com tristeza, mas criatividade - that is, se Lawrence estiver disposto a
escrever uma boa história ao invés de simplesmente arrastar suas personagens.
‘Nuff said. Continuem ligados e até a próxima!
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In a nutshell:
- Small Eternities –
Thumbs Up: inserção de linhas temporais junto a realidades
paralelas; coragem em se desfazer de personagens importantes; mudanças
climáticas tornadas metáforas dos acontecimentos presentes; desfecho satisfatório
com grande potencial narrativo para o volume final da trilogia;
Thumbs
Down:
premissa de grande escopo diminuída durante a obra; falta de identidade de
algumas personagens e do autor em si, que prefere neutralizar o inglês da obra
à torná-la genuinamente britânica; descrição extensa e entediante de elementos
completamente irrelevantes à trama central;
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