terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Ditador

Direção: Larry Charles
Elenco: Sacha Baron Cohen, Ben Kingsley, Anna Ferris, Jason Mantzoukas

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Yo! How's it going?

Hora de mais uma dose de cinema aqui no blog. Trago a vocês a nova comédia do controverso e polêmico Sacha Baron Cohen, ator que se consagrou com seus trabalhos em "Borat" e "Brüno".

Plano de fundo: Quando o almirante-general Aladeen (Sacha Baron Cohen), governante da República de Wadiya, tem de voar a Nova York para responder à ONU as crescentes denúncias acerca do interesse em tecnologia atômica de seu governo, o que o contempla é um ato de traição de seu tio Tamir (Ben Kingsley) que acaba por transformá-lo em um simples cidadão qualquer enquanto um sósia assume seu lugar. Cabe agora a Aladeen, "ajudado" pela liberal e alternativa Zoey (Anna Ferris), chegar até seu impostor e desmascarar seu tio antes que o farsante assine uma nova constituição que removerá o sistema ditatorial de Wadiya.

Papum: Carecemos de comédias boas há belos anos, isso é um fato mais do que consumado. Infelizmente, seguindo essa linha, "O Ditador" não faz muito para alterar o patamar do gênero no cinema e pouco agrega ao já tão decadente cenário cômico atual.

Como de costume, em "O Ditador" Sacha Baron Cohen encarna mais um estereótipo construído proposital e erroneamente pela cultura norte-americana e o coloca na terra dos Yankees afim de causar um choque ideológico e cultural que possa render boas piadas. A premissa seria muito interessante se já não houvesse sido abordada em outras películas como "Borat", "Brüno", "Zohan" e tantos outros projetos cinematográficos nos últimos anos, alguns até mesmo do próprio Sacha. Isso inevitavelmente joga contra o possível charme do filme quase o tempo inteiro, já que à esta altura já estamos mais do que acostumados com o estilo em questão, aborde ele piadas de cunho cultural e religioso ou até mesmo sotaques forçados que, se outrora eram divertidos, agora já começam a cansar.

Escrachado desde seu começo, "O Ditador" até contém piadas divertidas e interessantes, mas que acabam repetidas durante o próprio longa por falta de criatividade. Isso não deve ser um empecilho àqueles que se divertem com o estilo absurdo do filme, é claro, mas certamente incomoda aqueles que levam a arte um pouco mais a sério e querem conteúdo, que até se mostra presente em alguns instantes, como no discurso de Aladeen sobre os benefícios de uma ditadura: discurso esse que, se analisado com sensatez, acaba dissecando o sistema político norte-americano em cada uma de suas feridas até tornar a nação exatamente igual à terrível Wadiya, terra natal de Aladeen. A cena pode ser comparada de forma inversamente proporcional ao discurso de Chaplin em "O Grande Ditador", provável intenção dos roteiristas ao criá-la e paródia essa cuja acidez até diverte. É ruim, porém, que tais momentos acabem preteridos à nova tendência de produtores em construir cenas mais visuais do que sutis, apoiando-se em nudez, caretas e pastelão em quase todos os maiores momentos do filme (lembrando muito o que vimos em "Se Beber Não Case 2").

Pois bem, mesmo tendo dito tudo isso, tenho que admitir que "O Ditador", por mais estranho que pareça, acaba por cumprir o trivial papel ao qual se propõe no final das contas, cumprindo sua controversa promessa. Apesar de amplamente bizarro, não há como negar que o filme acaba sendo no geral engraçado (talvez justamente por ser tão absurdo), o que certamente contribui para que os projetos de Sacha Baron Cohen continuem a ganhar atenção por mais alguns anos a vir. Quem está contente com o cenário humorístico atual e gosta de filmes como os já citados acima deve dar altas gargalhadas com a película, mas àqueles que só gostam de cinema enquanto arte e conteúdo eu digo: não se auto-flagelem ao ver mais um besteirol tão grande como esse. Se não tiverem escolha, abram o coração e diminuam a frequência de trabalho de seu cérebro. Afinal, o que vale é se divertir.

Agora 'Nuff said. Sei que muitas pessoas gostaram de "O Ditador", e espero que ninguém se sinta ofendido com as modestas opiniões relatadas aqui no blog. Sendo assim, continuem a acompanhar Streampunk e até a próxima!

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In a nutshell:

- O Ditador -
Thumbs Up: sátira ácida da ignorância norte-americana perante o mundo; discurso final de Aladeen que, pegando emprestado o clímax de "O Grande Ditador", de Charles Chaplin, culmina em uma reflexão bastante pesada sobre a "liberdade" americana;
Thumbs Down: dependência de humor visual apelativo em boa parte do filme; variação de sotaques de Sacha Baron Cohen já não convence tanto; reciclagem de ideias de projetos recentes que não tinham muito a agregar; repetição de piadas permeiam o longa; 

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