segunda-feira, 17 de setembro de 2012

The Witch in the Wood

Autor: T.H. White
Ano de publicação: 1939



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Yo! How's it going?

Hoje trago a vocês mais sobre a saga "The Once and Future King", de Terence Hanburry White, série de livros que descreve em prosa toda a jornada lendária do Rei Arthur através de uma narrativa mágica e inteligente que mescla suposições há muito consumadas com o mais profundo toque de sensibilidade escrita do gênero da fantasia. Comecei meu trabalho com ela ao trazer a vocês "The Sword in the Stone", primeiro livro da série, no começo deste mês. Desta vez, trago o segundo volume da saga, intitulado "The Witch in the Wood" (ou "The Queen of Air and Darkness", em suas publicações posteriores).

Plano de fundo: Ao retirar a espada da pedra, o jovem Wart tornou-se aquele que deve governar a Inglaterra pelos difíceis e turbulentos tempos a vir. Sendo assim, ele agora é o importante e poderoso Rei Arthur, que auxiliado pelo mago Merlyn tem à frente seu primeiro grande desafio: o iminente confronto contra a confederação de reis que não o considera o legítimo governante dos reinos e feudos em seu território.

Através das últimas lições de Merlyn dentro de seu recém-formado reinado, Arthur deve aprender o verdadeiro significado e valor do poder para conseguir triunfar em sua batalha contra a confederação, que liderada pelo Rei Lot, é imensamente superior em número às forças de Arthur. Nas sombras desse conflito, a rainha Morgause, meia-irmã desconhecida do rei, também planeja algo vil contra Arthur que há de ter consequências terríveis em um futuro não tão distante; um futuro somente visto pelo mago Merlyn.

Papum: Seguindo o mesmo estilo narrativo de "The Sword in the Stone", T.H. White se utiliza novamente de anacronismo literário, senso de humor aguçado e muita imaginação para dar sequência à jornada de Arthur como o agora rei da Inglaterra. O resultado é mais uma vez extraordinário, e a constante inocência de seu enredo começa a ganhar maturidade e dramaticidade a partir dos fatídicos eventos aqui narrados, amadurecendo profundamente conforme seu protagonista também se desenvolve. À medida que isso acontece, mais acontecimentos da lenda arthuriana são revelados e expostos de modo honesto e preciso, uma rica adição ao outrora completamente imaginativo "The Sword in the Stone".

Desde o início de "The Witch in the Wood", somos apresentados a três focos narrativos: o grupo do Rei Arthur, onde Merlyn mais uma vez toma as rédeas da educação do jovem e o ensina a verdade sobre guerras e poder; o trio de cavaleiros trapalhões formado pelo Rei Pellinore, Sir Grummore e Sir Palomides, imersos em uma eterna disputa contra a criatura mágica Glatisant ao mesmo tempo em que o Rei Pellinore encontra seu verdadeiro amor; a família residente de Lothian na corte de Orkney, governada pela Rainha Morgause e pelo Rei Lot e tumultuada pelos quatro filhos maldosos de Morgause (Agravaine, Gareth, Gawain e Gaheris). É de impressionar, então, como White consegue fazer que as três histórias tenham suma importância em seu plano para um livro tão curto, com mudanças de olhares tão abruptas. Somado a isso, continua surpreendente a facilidade com que o autor utiliza-se de referências contemporâneas para narrar sua história do século XII sem fazê-la perder o sentido ou sua verdadeira identidade. Sim, as misturas de Merlyn sobre acontecimentos passados e futuros continua inspirada, e talvez vejamos aqui seu maior momento: quando o mago discorre sobre o poder de uma filosofia e um ideal como razões por trás de uma guerra, Arthur o aceita como justificativa concreta para um conflito, argumento rebatido por Melyn com uma analogia anacrônica fantástica - Jesus Cristo jamais forçou sua filosofia sobre os outros, ao contrário de um líder austríaco que se utilizou de seu ideal para jogar o mundo ao caos, alusão clara a Hitler e a Segunda Guerra Mundial, já que White escreveu o livro justamente quando começava o conflito.

Ainda em sua abordagem de poder, Merlyn faz Arthur pensar sobre o verdadeiro significado por trás do mote "Might is Right", onde poder é justiça. Seu intuito é fazer com que Arthur descubra por si só o verdadeiro significado da frase, muito mais profunda em seu cerne do que em sua mais comum e errônea interpretação. Poder não é justiça, mas com ele deve haver possibilidade, inteligência e sensibilidade o suficiente para se fazer justiça. Tal conclusão de Arthur faz com que a personagem amadureça em todos os sentidos, culminando em sua reflexão sobre a valorização de cada um dos indivíduos de sua frente e a desvalorização da covarde nobreza que atrás dela se esconde. Isso tem consequências profundas na mitologia da lenda, já que é aqui que Arthur idealiza o grupo de cavaleiros que deve não servi-lo, mas combater ao seu lado: a Távola Redonda. 

Having said that, é impossível não lembrarmos, então, do trabalho de J.K. Rowling em Harry Potter e no mote do Ministério da Magia: "Magic is Might". Como já disse em meu texto sobre "The Sword in the Stone", Rowling sempre se disse fã do trabalho de White, e tanto no primeiro quanto no segundo volume de "The Once and Future King", podemos encontrar ricas referências usadas pela autora como subtramas para sua saga. Em "The Witch in the Wood", além da já citada alusão acima ainda temos a parábola usada por Merlyn para tratar de destino e morte: "O Conto dos Três Irmãos" de Harry Potter tem exatamente o mesmo princípio que a história contada por Merlyn sobre o cidadão de Damascus que, encontrando a morte e descobrindo sua identidade, tenta fugir dela ao ir para outra cidade, onde acaba por encontrá-la de qualquer maneira, já que ela também conversara com a mesma pessoa que a revelara para o cidadão em questão. O conto de Rowling é mais extenso que o de Merlyn, mas sua mensagem é bastante similar à daquele descrito por White.

Pois bem, com lendas tão ricas, narrativa tão comovente e fatos "históricos" entrelaçados em uma magia tão inocente, tanto "The Witch in the Wood" como toda a saga "The Once and Future King" são simplesmente marcos da literatura fantástica que devem ser lidos por qualquer um que se julgue adepto ao gênero. Infelizmente, porém, demorarei algum tempo para escrever sobre o terceiro livro da série, "The Ill-Made Knight", por ter me comprometido com outras leituras de outros autores e gêneros diferentes. Assim que sobrar um pouco de tempo em minha agenda literária, no entanto, adorarei retornar ao mundo de Arthur e continuar sua saga naquele que começa a ser o momento mais delicado de seu reinado, onde traição e guerra o colocarão perante seus maiores desafios.

Agora 'nuff said. Continuem a acompanhar o blog e até a próxima!


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In a nutshell:

- The Witch in the Wood -
Thumbs Up: perda da inocência da série tanto simbólica quanto física, do decapitamento de um unicórnio à sedução de Morgause; valoroso questionamento humano e discussão sobre a razão de se guerrear; personagens sólidos e cativantes que brilham com vida até hoje; 
Thumbs Down: -----

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