domingo, 5 de agosto de 2012

O Cavaleiro das Trevas Ressurge

Direção: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Tom Hardy, Anne Hathaway, Morgan Freeman, Michael Caine, Joseph Gordon-Levitt, Gary Oldman, Marion Cotillard

***

Yo! How's it going?

Chegou um dos momentos mais esperados por mim desde que criei o blog Streampunk: hora de falar sobre "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge".

Plano de fundo: A cidade de Gotham vive um longo e inédito período de paz. Oito anos se passaram desde a morte de Harvey Dent, a maior casualidade da guerra terrível entre Batman (Christian Bale) e o crime organizado de Gotham. O vigilante mascarado, no entanto, pronunciado assassino de Dent, continua desaparecido e sua presença é agora apenas uma lembrança terrível na memória dos habitantes da cidade, fruto do acordo sigiloso entre o Cavaleiro das Trevas e o até-então recém-apontado comissário Gordon (Gary Oldman) para assegurar que o legado de Dent não viesse por água abaixo e sua identidade de Duas-Caras jamais fosse descoberta pela população. Calmarias não são eternas, contudo, e uma terrível tempestade está a caminho de Gotham.

Guiado pela inabalável vontade de conduzir o trabalho idealizado por Ra's al Ghul (Liam Neeson), o mercenário conhecido como Bane (Tom Hardy) chega a Gotham disposto a fazer mais do que tomar a cidade para si; na verdade, o papel do corpulento terrorista é o mesmo que o de seu antecessor e mentor: o de fazer a cidade desaparecer por completo. Para impedir que isso aconteça, Bruce Wayne deve deixar seu exílio e vestir mais uma vez o manto de Batman se quiser proteger aquilo pelo qual seus pais e ele próprio lutaram por tanto tempo. Em seu caminho, porém, está Bane, uma ameaça mais do que à altura das habilidades de Batman, e o herói encara agora seu maior desafio para proteger uma vez mais a população que, ironicamente, insiste em detestá-lo.

Papum: Seria incrível se a maioria dos filmes baseados em quadrinhos pudesse ter a qualidade da trilogia feita por Christopher Nolan. Digo trilogia porque, em seu capítulo final, a saga de Batman chega a uma conclusão verdadeiramente épica que fecha com chave de ouro um trabalho meticulosamente planejado desde o início, ao contrário de todas as franquias de super-heróis vistas até agora.

Desde sua primeira cena, sabemos que estamos vendo um filme de grandes proporções em "O Cavaleiro das Trevas Ressurge". Mesmo que sua sequência inicial não seja tão impactante quanto a abertura de "O Cavaleiro das Trevas" (isso fica na conta do Coringa, é claro), a cena gravada por Nolan em pleno ar é de saltar os olhos e bater palmas. Sim, o que os espectadores veem é o que o cineasta gravou em uma audaciosa tomada aérea com a nada prática tecnologia IMAX, marca registrada de Nolan em alguns momentos da franquia e ambição essa que o torna um dos grandes diretores de Hollywood da atualidade. A preocupação de Nolan com a atmosfera real estabelecida em "Batman Begins", aliás, volta a estar presente, mesmo que "O Cavaleiro das Trevas Ressurge" possua mais elementos fantasiosos vindos dos quadrinhos do herói do que seus antecessores.

Durante toda a trama, o roteiro escrito pelo próprio Nolan e seu irmão Jonathan se preocupa em nos levar a extremos. Não existem mais sub-missões, tampouco capangas onde o herói pode se apoiar para parecer badass. As dificuldades enfrentadas por Batman aqui o colocam em perigo real e extremamente constante, fazendo pulsar a expectativa do espectador desde a primeira e ótima aparição do herói no longa, que é reservada para um momento um tanto quanto tardio da película para, com um timing impressionante e ansiedade construída, poder realmente emocionar.

Se a construção e destruição do herói (não necessariamente nessa ordem) são os temas mais abordados no filme, a presença de um vilão meticuloso e concreto se faz necessária. Mesmo que não tenha o charme e apelo do Coringa de Heath Ledger, o Bane de Tom Hardy certamente funciona com sua solidez e base motivacional inabalável, altamente necessária para o desafio que Bruce deve enfrentar neste filme em particular. Todavia, seria realmente interessante poder ver como alguém tão meticuloso como Bane se comportaria diante de uma figura caótica como o Coringa, o que certamente devia estar nos planos de Nolan antes da morte precoce de Heath Ledger. Adicionalmente, as alterações que Nolan faz ao background de Bane fazem completo sentido no universo criado pelo diretor, fazendo até que não liguemos muito para a substituição da droga fantasiosa Veneno por simples morfina. - SPOILER - Vale ressaltar também a cena onde o vilão "quebra" a coluna do herói, homenagem clara à cena mais clássica do arco Queda do Morcego (Knightfall), uma das histórias que, juntamente com "Haunted Knight" e "No Man's Land", ajuda a constuir o ambiente do filme.

Também ganham destaque na película a presença do policial Blake (Joseph Gordon-Levitt) e Selina Kyle (Anne Hathaway). Desde o começo fica claro que Batman sozinho dificilmente dará conta do recado, e cabe a Blake e Selina, a Mulher-Gato, dividirem o fardo do herói contra a insanidade que se apresenta, mesmo que a bela ladra, assim como nas HQs, flerte entre atos vilanescos e heroicos com bastante frequência. Ponto para as atuações de Gordon-Levitt e Hathaway, que realmente convencem. - SPOILER - Blake, aliás, estabelece-se como o ajudante de Batman desde o início, e a homenagem direta a Robin, o menino prodígio dos quadrinhos, não podia ser feita de modo mais apropriado. Afinal de contas, Blake é orfão como Dick Grayson, "esquentadinho" como Jason Todd e investigativo como Tim Drake, as três encarnações mais famosas do herói-mirim nos quadrinhos.

A constante presença de diálogos e falas de efeito também retorna à franquia, numa escala tão grande quanto em "O Cavaleiro das Trevas". Algumas delas podem parecer inapropriadas para o momento onde estão inseridas, quebrando assim um pouco do ritmo de suas cenas, mas nada que prejudique o andamento do filme ou nossa diversão. Metáforas, contos e alusões ao termo Rise (ascender) também recheiam o enredo e dividem opiniões, mas ajudam a criar o clima apoteótico que suas cenas precisam. O ponto baixo do longa, no entanto, jaz na decisão de Nolan de, pela terceira vez na franquia, fazer Batman correr contra o relógio. Se nos dois outros filmes a missão do herói cabia dentro do tempo a ele dado, "O Caveleiro das Trevas Ressurge" dá muito pouco tempo a Batman para resolver os conflitos que explodem por toda Gotham, dando a sensação de que, no último ato, a imensa cidade é diminuída até virar um pequeno quarteirão. A tensão está lá (muito bem conduzida pela trilha sonora de Hans Zimmer, by the way), mas o espectador não tem a sensação de estar vendo uma missão possível, o que destoa do padrão da série previamente estabelecido e contrasta com o insano clímax de "O Cavaleiro das Trevas".

Muito bem, levando em consideração todos os aspectos mencionados, a enorme expectativa gerada desde 2008 e tudo que o filme de fato alcança, "O Cavaleiro das Trevas Ressurge" é mais do que um filme apropriado para a série; é um término excelente que fecha o ótimo ciclo aberto em "Batman Begins" ao resgatar sua essência, trama e espírito para concluir a série em uma nota mais do que ideal.

'Nuff said. Escrevi mais do que deveria e menos do que queria, mas é assim que fico por aqui. Postem seus comentários sobre o filme e nos vemos na próxima!

***

In a nutshell:

- O Cavaleiro das Trevas Ressurge -
Thumbs Up: ambientação mais uma vez precisa; sequências de ação audaciosas e otimamente executadas; poderoso conflito/desafio na relação queda/ascensão do herói; elenco em grande sintonia; tensão e escopo altíssimos em um enredo sólido; conexão precisa com os filmes anteriores (em especial "Batman Begins"); Easter Eggs extremamente cuidadosos;
Thumbs Down: frases de efeito podem incomodar os menos dispostos; redimensionalização de Gotham no ato final; voiceover um tanto quanto estranho nas aparições de Bane, mesmo que justificáveis;

5 comentários:

  1. Perfeito !!!Além de você sr um ótimo escritor de livros, é um excelente blogueiro, parabéns.

    ResponderExcluir
  2. Muito bom o resumo sobre o filme, gostei de saber que além de ser um fã de HP é um fã de BATMAN!Continue assim. Parabéns!

    ResponderExcluir
  3. Gostei, não assisti o filme ainda mas pretendo, afinal é Batman. Eu estava ancioso por esse filme, porém andei procurando sobre o filme, gostei do que eu soube, mas não gostei de saber que seria o final da trilogia desejava muito que a Arlequina(Harley Queen) aparecesse para "vingar" o coringa ou ficar com aquela lenga-lenga dela por causa dele, mas é claro que isto acabou não acontecendo, afinal com a morte do autor do Coringa não haveria como fazer cenas de lembranças dela etc. Parabéns Felipe gostei muito da sua análise além de que considero você um ótimo escrito, tudo de melhor pra você.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eae Rodrigoo, não apareceu a Arlequina porque a história toda estava voltada para o Homem que quebrou o Batman (Bane),eu até acho que seria legal uma vingança,mas isso ficou mais pro jogo Batman Arkham City.Se você ainda não assistiu,assista,um final épico e justo para o herói,melhor filme que eu assisti na minha vida,pois adoro Batman.
      Valeu,falo e até mais!

      Excluir
  4. Eaee Felipee Beleza espero que sim mas,vo te fala uma coisa não gostoo de batman ee sei la depois que li isso vo assisti aos filmes do batman voss é um otimoo escritor e sempre seja assim viu VOSS é uma pessoa mt gente fina ee alegree mt bom escritorr valeu !!!

    ResponderExcluir