quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Small Eternities


Autor: Michael Lawrence
Ano de publicação: 2004

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Yo! How’s it going?

Hora de falar do segundo livro da saga Withern Rise/Aldous Lexicon, escrita pelo autor inglês Michael Lawrence. Para aqueles que ainda não sabem nada sobre essa boa série de livros infanto-juvenis, basta acessarem a postagem relativa ao primeiro livro da trilogia, “A Crack in the Line”, para descobrir um pouco mais sobre o trabalho de Lawrence.

Plano de fundo: Os pequenos modelos da mansão Withern Rise foram quebrados. Alaric e Naia já não têm mais suas ferramentas para cruzar realidades, estando agora presos um no mundo do outro. Acima deles, a temporada de neve é substituída por chuvas torrenciais - chuvas essas também presentes na Withern Rise de Aldous Underwood, um jovem garoto fadado a um destino terrível que definirá a família Underwood por gerações a vir. Ou será que não?

Em “Small Eternities”, Alaric e Naia encontram não somente um modo novo de cruzar realidades como de visitar uma cadeia de eventos que se repete indefinidamente no passado de suas famílias; uma pequena eternidade que começa e termina ciclicamente em uma realidade diferente daquela onde cada um deles vive. Cabe a eles, então, descobrir a relação entre o recém-descoberto cenário e o que houve aos Underwood de outrora, revelação essa que pode vir a um terrível custo.

Papum: Bem menos original do que sua obra antecessora, “Small Eternities” começa exatamente de um dos pontos onde “A Crack in the Line” nos deixou. Digo “um dos pontos” porque, conforme aqueles que leram o livro puderam perceber, “A Crack in the Line” não possui apenas um final, mas duas vertentes que culminam em duas conclusões alternativas. Mas vamos ao livro em si, afinal.

Se no primeiro volume da saga a construção das personagens era imprescindível, Michael Lawrence escorrega aqui ao querer narrar os pensamentos e rotinas completamente monótonos de Alaric e Naia insistentemente. Apesar de ambos não estarem em suas realidades de origem, o fato de seus novos mundos terem se adaptado a suas presenças estraga todo o potencial problemático da obra, que estende-se por tempo demais em descrições sobre como Naia sente saudades de sua mãe e como Alaric está contente com sua nova realidade (onde tem sua mãe uma vez mais). O contraponto desse até então chato e entediante enredo, no entanto, é o jovem Aldous Underwood.

Aldous é nada menos do que o tio-avô de Alaric e Naia. Como aqui ele não passa de um garotinho, é natural que sua realidade situe-se no passado. O que interessa, no entanto, é o jeito com que Michael Lawrence a aborda: desde o início, sabemos que o agitado menino está fadado a morrer de forma terrível, então acompanhamos seus últimos dias ao lado de sua família até o evento fatídico em si. O escritor faz um bom trabalho ao construir a tensão do leitor e sua expectativa quanto à morte de Aldous, sem dúvida fruto de sua engenhosidade ao nomear cada capítulo com números que representam uma contagem regressiva de dias até a morte do menino. A participação de Alaric e Naia em tal cenário também resgata as personagens de uma espécie de lacuna criativa do autor, inserindo-as no conflito e finalmente colocando-as numa história que mereça ser contada. Isso não quer dizer, no entanto, que a trama brilha: a dependência de um evento em si e a monotonia de duas de suas personagens principais fazem o leitor se perguntar frequentemente qual é de fato o objetivo do livro. Felizmente, porém, Lawrence muda o jogo a tempo de não fazer da jornada uma completa perda de tempo, usando o clímax do romance para montar uma cadeia de eventos finalmente relevante e surpreendente.

A mudança climática no plano de fundo da obra também merece ser exaltada aqui. Se em “A Crack in the Line” tínhamos uma temporada de neve, símbolo do isolamento de Alaric perante o mundo, as chuvas incessantes de “Small Eternities” dão o tom cinza que inunda Withern Rise em três realidades e tempos diferentes, culminando no trágico final de dois de seus habitantes.

Resta-me agora ler o último volume da série, “The Underwood See”, para saber como tudo termina. Desta vez, porém, só há uma vertente de onde o livro pode começar, uma tragédia cujas consequências espero serem abordadas não com tristeza, mas criatividade - that is, se Lawrence estiver disposto a escrever uma boa história ao invés de simplesmente arrastar suas personagens.

‘Nuff said. Continuem ligados e até a próxima!

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In a nutshell:

- Small Eternities –
Thumbs Up: inserção de linhas temporais junto a realidades paralelas; coragem em se desfazer de personagens importantes; mudanças climáticas tornadas metáforas dos acontecimentos presentes; desfecho satisfatório com grande potencial narrativo para o volume final da trilogia;
Thumbs Down: premissa de grande escopo diminuída durante a obra; falta de identidade de algumas personagens e do autor em si, que prefere neutralizar o inglês da obra à torná-la genuinamente britânica; descrição extensa e entediante de elementos completamente irrelevantes à trama central;

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