domingo, 23 de setembro de 2012

The Sandman Vol. 7 - Brief Lives


Autor: Neil Gaiman
Artista: Jill Thompson

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Yo! How’s it going?

Depois de passar alguns dias resolvendo assuntos pessoais um tanto pendentes, volto ao blog para tratar mais uma vez de uma série muito popular em minha postagem de hoje: “The Sandman”, criada e escrita pelo grande autor inglês Neil Gaiman.

Já trouxe a vocês textos sobre o quinto e sexto arcos da coleção, “A Game of You” e “Fables & Reflections”. Assim sendo, hoje escrevo sobre o sétimo encadernado que compõe a série de doze, intitulado “Brief Lives”.

Plano de fundo: Delírio está preocupada com seu irmão Destruição, que há 300 anos abandonou a família dos Endless (Perpétuos) para conduzir a existência que quisesse. Afim de encontrá-lo uma vez mais, então, não resta opção alguma a ela senão buscar a ajuda de seus outros irmãos para partir em uma jornada até Destruição e ver por si mesma como anda o deus desertor de sua família.

Inicialmente rejeitada por Desespero e Desejo, Delírio encontra em seu relutante irmão Sonho (ou Morpheus) a companhia para poder chegar até Destruição. O caminho que os dois devem traçar, no entanto, guarda uma série de conflitos e reflexões preparados pelo próprio Destruição como obstáculos que impedem que ele seja encontrado, o que pode tornar a jornada de Sonho e Delírio uma busca dolorosamente humana e real.

Papum: Discorrer sobre o surrealismo e a profundidade de qualquer um dos volumes de “The Sandman” é tentar fazer o que há de mais óbvio e ao mesmo tempo mais difícil ao analisar o trabalho de Gaiman nessa que é uma das maiores séries em quadrinhos de todos os tempos. Having said that, tento abordar o arco “Brief Lives” sob um ponto de vista narrativo e descritivo que prioriza o simbolismo da obra e seu intrigante enredo dentro das interpretações que meu limitado conhecimento me permitem ter. Let's get on with it, shall we?

“Brief Lives” é talvez um dos trabalhos mais lineares de Gaiman em toda a série "The Sandman". Iniciado e terminado com dizeres parecidos de uma personagem humana (o guardião da cabeça de Orfeu), o arco é o mais emotivo dentre todos em que os Endless estão envolvidos, fazendo da viagem de Morpheus e Delírio não uma jornada exatamente transcendente, mas bastante física, já que é por nosso mundo que eles transitam. Nessa linha, as diferentes pessoas que fazem parte da jornada dos dois acabam por ter destinos terríveis previamente delineados por Destruição, que ao contrário do que pode parecer, é o mais humano de toda a sua família. O que vemos nesse tempo, então, é um mergulho dentro da brevidade não só mortal como divina, já que tanto os homens quanto os deuses devem ter um período de existência – e por definição, qualquer período de existência é breve perante o sempre. Tal fugacidade serve como principal agente de algo que o deus dos sonhos se revela incrivelmente contra: mudanças. 

No fundo, então, é sobre exatamente isso que “Brief Lives” se constrói, já que Morpheus só aceita viajar com Delírio tentando mudar seu estado de torpor após ser rejeitado, mas contraditoriamente, não deseja encontrar Destruição para não alterar o cenário atual do balanceamento divino e terreno. Ironicamente, no entanto, quem mais muda durante o caminho é o próprio Morpheus, fato dito e redito durante todo o arco e entendido através das diferentes atitudes do deus perante seus obstáculos: aqui há o maior processo de humanização da personagem até agora, já que ela não mais permanece totalmente apática àquilo que acontece em plano terreno ou aos mortais que cruzam seu caminho. Lentamente o deus tem mudado, e todos os seus irmãos sabem tanto disso quanto que talvez os Endless já não passem de simples símbolos que ainda perduram, mas não mais influenciam o tear do universo, tendo os seus dias invariavelmente contados. Tais revelações sem dúvida abrem pontas que devem ser exploradas mais para frente, e receio que o fim de "The Sandman" esteja bem aí.

Brilhando com o complexo enredo de Gaiman está mais uma vez a bela arte de Jill Thompson, veterana de guerra na série. Alternando entre traços faciais expressivos e linhas mais suaves quando necessário, Thompson utiliza-se de recursos diferentes conforme a história progride: ora temos jogos de luzes verdadeiramente impressionantes como na boate Suffragette, ora representações comportamentais precisamente retratadas pelos trejeitos de suas personagens, com ênfase nas poses incomuns de Delírio e as mudanças que seu cabelo tem conforme seu nível de lucidez oscila (outro ponto a ser destacado, lembro-me agora, é a caótica e desconexa maneira como a personagem fala, trabalho incrível de Gaiman que ganha ainda mais atenção com as cores e fontes irregulares em suas falas). O resultado artístico é então balanceado e preciso, ampliando ainda mais a abordagem pessoal de Gaiman durante todo o arco e culminando em um dos momentos mais tocantes de “The Sandman” até agora: a resolução do conflito entre Morpheus e seu filho Orfeu, mais uma prova de como o deus dos sonhos já não é mais o mesmo. Tendo isso em mente, é necessário que o leitor já tenha lido "Fables & Reflections" para realmente entender o que está em jogo e a resolução do problema; afinal, "Brief Lives" é  um arco extremamente sequencial dentro da coleção, já que resolve conflitos anteriores e abre os novos caminhos a serem tratados até o final da série.

Agora 'nuff said. Continuem a acompanhar o blog e sintam-se livres para seguir a página se quiserem! Basta clicarem no botão a direita para fazerem parte de Streampunk!

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In a nutshell:

- The Sandman Vol. 7 - Brief Lives -
Thumbs Up: ótimo retorno de Jill Thompson à série; boa conversação com os arcos mais antigos; premissa de grande escopo para a arrancada final da franquia; incrível humanização dos Endless e de Morpheus que acaba por aproximá-las de nós; ótima reflexão sobre a fugacidade da vida e sua insignificância perante um quadro maior;
Thumbs Down: -----    

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