sábado, 20 de outubro de 2012

As Vantagens de Ser Invisível

Direção e roteiro: Stephen Chbosky
Elenco: Logan Lerman, Emma Watson, Ezra Miller, Paul Rudd

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Yo! How's it going?

Devo confessar que já se passaram alguns meses desde que deixei uma sala de cinema realmente comovido. Vagando entre blockbusters divertidos e películas pseudo-profundas, nada de relevante realmente se apresentou, e assim o segundo semestre de 2012 caminhava. Isto é, até a estreia de "As Vantagens de Ser Invisível", dirigido e escrito por Stephen Chbosky, o próprio autor do livro "The Perks of Being a Wallflower", no qual o longa se baseia. Sem delongas, então, trago um pouco da maravilhosa experiência adolescente que certamente marca este até agora pouco inspirado término de ano por aqui.

Plano de fundo: Charlie (Logan Lerman) é um jovem quieto e retraído que está prestes a ingressar no ensino médio. Sua incomum personalidade, no entanto, é fruto de feridas em seu passado que parecem irremediáveis: a morte de sua tia e o recente suicídio de seu único e melhor amigo.

Contrariando suas próprias expectativas, porém, o que Charlie encontra nessa nova etapa de sua vida é um fim provisório para sua exclusão, tendo nos meio-irmãos Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson) seus primeiros amigos verdadeiros depois de meses de solidão. Juntos, os três agora trilham uma jornada de aprendizado, amor e amadurecimento sexual que pode salvar Charlie de seus fantasmas ou fazê-lo sucumbir diante deles de uma vez por todas.

Papum: Certo, sempre fui um sucker para filmes adolescentes que realmente tratam seus protagonistas com a profundidade e inteligência que merecem. Infelizmente, porém, o que inunda o cinema atual são comédias coming of age que parecem não ter fim em seu apelo sexual, piadas repetidas ou falta de conteúdo. Nesse cenário, então, "As Vantagens de Ser Invisível" é um tesouro que não deve ser necessariamente guardado, mas sim exposto aos quatro cantos para que sua beleza, delicadeza e coração comovam e construam uma juventude sensível para entender seus problemas e corajosa o suficiente para enfrentá-los. Afinal, problemas são justamente o que não faltam na adolescência de qualquer um.

Através de uma narrativa em primeira pessoa altamente pessoal e dinâmica, Charlie realiza uma viagem magistral no processo de reflexão e crescimento adolescente que aborda os problemas mais intrínsecos do período em questão e os posicionam como obstáculo perante os maiores bloqueios do protagonista, uma personagem construída de modo complexo e comovente pelo ótimo Logan Lerman. Assim como muitos, Charlie não é um outcast por opção, mas sim pela maneira como o mundo o enxerga. Seus problemas são muitos, é claro, mas igualmente grande é seu desejo de ser notado, onde encontramos um paradoxo intrigante: enquanto a maioria dos jovens prefere passar despercebida, Charlie anseia deixar seu estado e isolamento, embora não consiga encontrar ferramentas para fazê-lo. É com muita coragem, então, que o garoto deposita suas esperanças no divertido Patrick, símbolo explícito de alegria jovial e prazer em viver. Tal encontro também proporciona a ele conhecer Sam, por quem Charlie se apaixona perdidamente, proporcionando o doce sentimento de infinito que ele jamais sentira. Além do óbvio despertar romântico do protagonista, no entanto, a garota é um poço de indecisão característico de sua idade, onde alegria, dor e medo se mesclam em uma mistura quase palpável e amplamente conhecida por Charlie. Afinal, é com isso que o garoto luta há muito tempo. Assim sendo, a química tanto entre as três personagens quanto entre os três atores é real e convincente, trabalhada com precisão através de diálogos afiados montados pelo ainda inexperiente Stephen Chbosky. Sua competência e compreensão das personagens que tem em mãos gera uma sinceridade e complacência incomuns, e aliados a simples e boas escolhas de ângulos, focos e enquadramentos, recebe ainda mais carisma e valor. Sua escolha de trilha sonora também faz bonito, posicionando suas personagens em tempos menos virtuais e mais pessoais de modo sutil e eficaz, remetendo-nos às décadas de 80 e 90 prontamente. Nesse ponto, ganha destaque a canção "Heroes" de David Bowie, tema principal do longa.

Ainda em temas, a construção do amadurecimento amoroso e comportamental de Charlie passa pelo mote que lhe é ensinado por seu professor de inglês avançado Bill Anderson (Paul Rudd): "aceitamos o amor que achamos merecer". Como em toda vida adolescente, a figura de Anderson não só como educador mas como modelo impulsiona a personagem, ainda que o garoto custe a entender o significado de tais palavras. Somente ao compreendê-las, contudo, é que ele também pode entender melhor a si mesmo, ainda que tenha que lutar contra traumas de infância que insistem em se manifestar. Sendo assim, entra em cena sua sólida família, disposta a ajudá-lo assim como o próprio garoto luta desesperadamente para não sucumbir.

Por todos esses motivos, então, "As Vantagens de Ser Invisível" é altamente recomendado a qualquer apreciador de cinema simples e atmosfera de juventude comovente e reflexiva. É uma pena que a distribuição do filme não contribua com sua divulgação, mas o esforço para vê-lo realmente vale a pena.

Agora 'nuff said. Continuem a acompanhar o blog e até a próxima!

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In a nutshell:

- As Vantagens de Ser Invisível -
Thumbs Up: desenvolvimento de personagens; performance incrível de seu elenco central, em especial com Logan Lerman e uma Emma Watson agora norte-americana; roteiro afiado e diálogos honestos; humor e drama em uma mistura ideal; dinamismo narrativo e profundidade reflexiva; referências literárias e musicais bem ricas;
Thumbs Down: -----    

4 comentários:

  1. muito legal sua critica e o modo como escreve..
    parabéns !

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  2. Olá! Parabéns pelo texto! Ótima descrição para uma ótima e história! Gostaria muito de conversar com você para falarmos sobre o filme e o livro! Meu facebook é esse >>> http://www.facebook.com/paulo.ricardo.39750?ref=tn_tnmn

    Abraço!

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  3. Fico feliz que tenham gostado do texto e do blog. O filme é realmente ótimo! Fazia muito tempo que não ficava genuinamente comovido no cinema.

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  4. Adorei a crítica! Li o livro e vi o filme e REALMENTE é P-E-R-F-E-I-T-O! A delicadeza do filme é enorme, não consegui segurar o choro... enfim, parabéns pelo blog!

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