domingo, 7 de outubro de 2012

Tão Forte e Tão Perto

Direção: Stephen Daldry
Roteiro: Eric Roth
Elenco: Tom Hanks, Thomas Horn, Sandra Bullock, Max von Sydow, John Goodman

***

Yo! How's it going?

Depois de ficar ausente por alguns dias, retorno ao blog hoje para falar de cinema: em específico, o longa "Tão Forte e Tão Perto", nomeado ao prêmio Oscar de 2012 nas categorias de melhor filme e melhor ator coadjuvante.

Plano de fundo: Oskar Schell (Thomas Horn) é um garoto tão genioso quanto genial. Dotado de um intelecto incomum e pouca sociabilidade, ele vê em seu pai Thomas (Tom Hanks) mais do que um verdadeiro ídolo e modelo, mas sim um grande e verdadeiro companheiro. Quando o fatídico dia 11 de setembro toma Thomas como uma de suas inúmeras vítimas, o que resta a Oskar é um buraco que parece ser impossível de curar. Isso é, até o menino descobrir uma misteriosa chave dentro de um vaso no closet de seu pai.

Seguindo dicas deixada por Thomas, Oskar embarca em uma viagem pelas ruas de Nova York atrás da fechadura a ser aberta por sua chave recém-encontrada na tentativa de se aproximar de seu falecido pai, conhecendo tanto as histórias daqueles que o rodeiam quanto descobrindo a si mesmo e como sua perda pode ser superada.

Papum: Altamente questionado por sua nomeação para o Oscar deste ano, "Tão Forte e Tão perto" é sem dúvida um filme que se empenha em ser dramático e comovente o bastante para ser merecedor de fulgurar entre os longas mais aclamados do ano. Infelizmente, porém, sua insistente tentativa de impressionar soa um tanto falha e desconexa graças a seu ritmo descompassado e inconstância narrativa, ainda que suas personagens tenham potencial o suficiente para nos fazerem derramar uma lágrima ou duas.

Dirigido pelo já experiente em nomeações Stephen Daldry ("Billy Elliot", "O Leitor"), "Tão Forte e Tão Perto" se apoia na dor de seu protagonista mirim para construir um enredo que sirva de esperança e mensagem de superação relativa tanto a perdas pessoais quanto à ferida sofrida pelos norte-americanos no atentado terrorista de 2001 (diga-se de passagem, o longa foi produzido exatos 10 anos após o incidente). Sua escolha de abordagem de Oskar, no entanto, logo joga contra sua proposta e compromete o andar da mensagem: ao construir sua personagem com um certo senso de autismo, Daldry acaba por distanciar seus espectadores de Oskar e colocar em dúvida o que realmente está em jogo para o menino. Não sabemos ao certo se o garoto sofre mais devido a sua perda ou devido a seus distúrbios repentinos e mudanças de temperamento, técnicas amplamente usadas em Hollywood para adquirir a simpatia de espectadores em relação a personagens principais. Isso não tira o brilho do trabalho do pequeno Thomas Horn, é claro, mas acaba por desvalorizar o conflito do filme e o desenvolvimento de sua personagem, mesmo que dê margem a uma ou duas boas cenas (o desabafo de Oskar ao inquilino de sua avó, interpretado pelo nomeado ao Oscar Max von Sydow, é forte e intenso). Igualmente discutível é a estratégia de fazer de von Sydow um personagem mudo, complicando ainda mais a relação entre ele e Oskar pelo bem do melodrama. Por que apenas um personagem complexado se podemos ter dois?

Having said that, resta ainda o problema de identidade que o filme carrega. Alternando entre  focos pessoais e um trabalho humano mais amplo, "Tão Forte e Tão Perto" não decide qual rumo realmente quer seguir, seja ele o de contador de histórias ou contador de uma história em específico. As cenas e subtramas de Oskar enquanto ele conhece sua cidade a medida que conhece a si mesmo são interessantíssimas (tanto em cores mais vivas como personalidades e histórias únicas), mas a quebra sofrida por elas para malcriações do garoto diminuem seu potencial e desaceleram o bom andar de suas descobertas, resultando em um desenvolvimento não gradual, mas repentino ao final do longa. A emoção está lá, vejam bem, mas não como poderia, e a superação do menino não parece mais um triunfo, mas sim a resolução inevitável de um plano que há muito havia sido traçado.

Agora ´nuff said. Continuem a seguir o blog e até a próxima!

***

In a nutshell:

- Tão Forte e Tão Perto -
Thumbs Up: cores e planos na exploração de Nova York e seus cidadãos; atuações de Thomas Horn e Max von Sydow;
Thumbs Down: falta de identidade clara; super-dramatização de seu enredo;    

Nenhum comentário:

Postar um comentário